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08/11/2010 - 07h58

Minha História: Tea Party em Hollywood

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ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

A carreira em Hollywood do músico, diretor e produtor Jonathan Khan inclui dois longas-metragens, a banda de rock The Color Green, que lançou três CDs, e várias trilhas sonoras. Atualmente ele trabalha no disco de uma cantora pop com o produtor Walter Afanasieff, ganhador do Grammy. No último ano, sob o pseudônimo "Jon David", Khan passou a fazer parte do circuito do movimento ultraconservador Tea Party nos EUA.

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Nasci e cresci em Los Angeles. Primeiro me envolvi com cinema, depois aprendi a tocar música aos 26 anos. Dirigi filmes, tive uma banda, lançamos três CDs. Acabei de coescrever um disco para uma cantora pop e tenho parcerias com produtores. Também escrevo roteiros e trilhas de filmes.

Não era envolvido com política até o 11 de Setembro. Aí todos tiveram de tomar uma decisão sobre seu posicionamento político. Me vi do lado conservador porque acredito em uma Defesa forte e em responsabilidade pessoal.

Mas vivo em uma parte da cidade muito esquerdista, e a indústria do entretenimento também é muito esquerdista. Quem é conservador aqui tem de manter segredo.

Há uma hipocrisia enorme em Hollywood: nenhuma indústria se aproveita tanto das garantias legais de liberdade de expressão, mas eles são completamente intolerantes a qualquer visão que destoe da deles.

As pessoas xingam a direita o tempo todo. E tudo aqui é muito subjetivo. Portanto, se alguém com quem quer trabalhar critica visões políticas nas quais você acredita, vai ter de decidir se vale a pena arriscar a carreira.

Eu joguei esse jogo por muito tempo. E não só na profissão. Tenho um irmão e uma cunhada que são extremamente progressistas, e não conseguimos conversar.
Minha cunhada não consegue nem ver uma foto minha com [a ex-governadora do Alasca] Sarah Palin.

POLÍTICA E ROMANCE

Há cerca de dois anos conheci o comentarista conservador Andrew Breitbart em uma festa. Eu nem sabia que havia outros conservadores em Hollywood, mas ele faz reuniões que são quase um "grupo de apoio" para nós.

Ele me convidou para escrever em um site que estava montando [http://bighollywood.breitbart.com]. Aceitei, com uma condição: assinar com um pseudônimo ("Jon David").

A coluna relatava um "experimento sociológico" que fiz para testar como a posição política afeta a compatibilidade romântica em Hollywood. Eu saía com alguma garota esquerdista uma vez por semana e depois escrevia a respeito.

Era uma coluna cômica: os encontros não deram certo. Em geral, assim que eu dizia que era de direita, as garotas perdiam o interesse.
Continuo solteiro. A esquerda é muito mais intolerante do que a direita.

HINO DO TEA PARTY

Em um desses encontros, uma mulher chegou a me dizer que não gostava dos EUA. Cheguei em casa e escrevi a música "American Heart" ("Coração Americano").

Breitbart me convidou a ir a um encontro do [movimento ultraconservador] Tea Party em Quincy (Illinois) há cerca de um ano. Chegando lá, cantei "American Heart" e vi 3.000 pessoas aplaudindo de pé. Pensei: essa música não pertence mais a mim.

Comecei a tocar em vários eventos. Mas sempre usava boné e óculos escuros e me apresentava como Jon David. Tinha uma vida dupla: dois e-mails, dois perfis no Facebook, dois cartões de visitas. Não queria ameaçar meus contatos em Hollywood.

Fui convidado a me apresentar nos comícios do Tea Party Express, um grupo que excursiona por cidades pequenas dos EUA. Foi maravilhoso fazer contato com o pessoal no interior.

SAIR DO ARMÁRIO

A vida dupla começou a me cansar. Decidi sair do armário e fiz isso em grande estilo --apareci em um perfil do "Wall Street Journal" usando meu nome verdadeiro.

Tive vários problemas. Colegas de trabalho ficaram chocados. Alguns ainda não aceitaram. À época, eu estava compondo músicas para um produtor que parou de falar comigo. O vi só uma vez, e foi bem feio.

Outras pessoas simplesmente ficam caladas quando eu chego. Não disseram nada quando o artigo saiu.

CALIFÓRNIA

As eleições da última terça me deixaram satisfeito, mas a Califórnia ainda não entendeu a situação [democratas conquistaram governo e Senado]. O voto para a oposição no resto do país foi um referendo sobre os democratas, e a mensagem foi clara.

Espero que os republicanos no Congresso agora possam discutir soluções e não ficar apenas bloqueando o governo. Mas também espero que não precisem fazer isso. Torço para que o presidente Barack Obama tenha entendido o recado.

 

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